É falso que ganhámos as eleições, disse o ex-líder centrista, depois de durante o dia Nuno Melo e Nuno Magalhães terem voltado a lamentar a vitória "de secretaria" de António Costa nas legislativas.
Isolado contra a tese dominante tanto no CDS como no PSD, o centrista desconstruiu a tese de que o governo das esquerdas é ilegítimo. O que é se passou?, perguntou o ex-deputado, respondendo que ninguém ganhou as eleições e defendendo que a forma como Costa chegou ao poder é não só legítima do ponto de vista constitucional como político.
Ribeiro e Castro foi mesmo contra a tese de Assunção Cristas e Paulo Portas segundo a qual a solução da geringonça matou o voto útil. Eu creio que não é assim. Vamos com calma, pediu o militante, que expôs a contradição de defender que esta solução é ilegítima e admitir que pode vir a ser usada pelo CDS por ter acabado com a lógica do voto útil.
Se achamos que esta solução é ilegítima, quando chegarmos a eleições, não podemos querer para nós próprios uma solução ilegítima, argumentou, lembrando que essa tese nunca foi historicamente a do CDS, mas sim a do PSD e do PS.
Ribeiro e Castro lembrou mesmo que esse argumento foi usado pelo líder social-democrata nas legislativas de 2011 num debate entre Passos Coelho e Paulo Portas, no qual o presidente do PSD admitiu vir a formar governo numa distribuição de votos que garantisse a maioria à soma dos votos à direita, mesmo que o PS fosse o mais votado. (do Sol)
É pacífico para ti que o Estado contribua para a cultura enquanto necessidade básica...
É pacífico, mas gostava que as pessoas para quem isso não é pacífico o dissessem preto no branco. E honra seja feita, algumas dizem-no. Que, perante um cenário sem a intervenção do Estado, digam: “Então pronto, então não haverá ópera, cinema, teatro e bailado.” Uma pessoa que diz isso é um bárbaro.
O Vasco Pulido Valente diz que o Estado deve intervir apenas para preservar o património...
Mas o património é a parte em que toda a gente está de acordo.
Apenas...
Sim, há pessoas que acham que é só isso. Eu reconheço que há problemas na relação do Estado com a cultura, que há problemas de favoritismo, de funcionamento de júri, de política de gosto. Reconheço todas essas críticas. Mas do outro lado está a morte cultural. Sou defensor da biodiversidade cultural, e essa biodiversidade num país como Portugal só existe porque o Estado intervém. O cinema é um caso flagrante. Não havendo outra alternativa, a única alternativa é a alternativa Átila, o Huno. Acaba-se com isto. Acabou o bailado, acabou o cinema. Tudo bem, há pessoas que dizem isso. Fica-lhes bem assumir. Mas é arrepiante. (do Público)
É pacífico, mas gostava que as pessoas para quem isso não é pacífico o dissessem preto no branco. E honra seja feita, algumas dizem-no. Que, perante um cenário sem a intervenção do Estado, digam: “Então pronto, então não haverá ópera, cinema, teatro e bailado.” Uma pessoa que diz isso é um bárbaro.
O Vasco Pulido Valente diz que o Estado deve intervir apenas para preservar o património...
Mas o património é a parte em que toda a gente está de acordo.
Apenas...
Sim, há pessoas que acham que é só isso. Eu reconheço que há problemas na relação do Estado com a cultura, que há problemas de favoritismo, de funcionamento de júri, de política de gosto. Reconheço todas essas críticas. Mas do outro lado está a morte cultural. Sou defensor da biodiversidade cultural, e essa biodiversidade num país como Portugal só existe porque o Estado intervém. O cinema é um caso flagrante. Não havendo outra alternativa, a única alternativa é a alternativa Átila, o Huno. Acaba-se com isto. Acabou o bailado, acabou o cinema. Tudo bem, há pessoas que dizem isso. Fica-lhes bem assumir. Mas é arrepiante. (do Público)
A associação entre estas duas opiniões pode ser rebuscada apesar da constatação mais óbvia de que quem fotografou quem as emitiu, às opiniões, ter optado, numa mesma estética, por os ter deixado, quiçá porquê, na extrema direita da objectiva... Mas a desmontagem de um argumentário de propaganda, destinada a uma situação política entretanto ultrapassada, feita por Ribeiro e Castro em pleno congresso do CDS/PP pareceu-me poder combinar bem com a assertividade de Pedro Mexia a respeito das opiniões radicais sobre a cultura: bárbaro, arrepiante. Porque há uma importante parte das reacções que por aqui - redes sociais e caixas de comentários - se podem ler ao que Ribeiro e Castro disse que mostra quanta gente ainda não conseguiu distinguir entre um argumento político circunstancial, formatado para opor à ascensão da esquerda ao poder, das razões estruturais do normal funcionamento de uma democracia parlamentar, democracia essa em que o governo precisa de receber sempre a sua validação no parlamento. É que essa gente merece receber um tratamento equivalente ao aplicado acima por Pedro Mexia aos outros destinatários. Quem ainda se agarra àquela mesma argumentação política, não tem só uma opinião, é burro como uma porta, é um exagero de estupidez.
Sem comentários:
Enviar um comentário