Há precisamente 100 anos, por instruções do presidente Woodrow Wilson, as tropas destacadas nas áreas fronteiriças do Texas, Arizona e Novo México, sob o comando do general John J. Pershing, cruzavam a fronteira e invadiam o México em perseguição dos guerrilheiros de Pancho Villa que, nos meses prévios, haviam realizado raids destrutivos em várias povoações fronteiriças dos Estados Unidos, causando um total de 34 mortos entre militares e civis. O cartoon que se exibe e que foi publicado naquela época, poderá ter cem anos passados um significado irónico quando se contrasta aquele arame farpado por cima do qual o Tio Sam pula com as proclamações do candidato Donald Trump a respeito do muro que irá erigir a expensas do México, se eleito. Além disso, e para quem conheça o desfecho da incursão norte-americana, há uma outra ironia que se pode extrair desta evocação (embora dessa Trump esteja inocente): é que durante os onze meses seguintes cerca de 10.000 soldados norte-americanos andaram a perseguir a trupe de 500 guerrilheiros de Pancho Villa pelo México fora; chatearam sobremaneira o governo mexicano mas falharam grosseiramente quanto ao objectivo de capturar o chefe rebelde. Propositadamente esquecido, este episódio parece-me ser um daqueles exemplos premonitórios quanto à falta de vocação dos norte-americanos para se engajarem em guerras assimétricas (os romanos poder-lhes-iam explicar como, dois mil anos antes e muito mais discretamente, se tinham visto livres do Viriato...).
Sem comentários:
Enviar um comentário