12 março 2016

O «PIN-BALL» DO «PLANO B»

Para quem já se tenha esquecido, a expressão terá aparecido originalmente há coisa de um mês. No Expresso noticiava-se que Passos Coelho perguntara a Costa pelo Plano B. A expressão pegou. Os comentadores - que também vivem da adopção destes modismos - gostaram dela: Marques Mendes ou Miguel Sousa Tavares acharam coisas, empregando-a. Mas, mais importantes que os espectadores da bancada, foram os jogadores de campo que mais popularizaram a expressão, quer para negar a sua existência, a do agora incontornável Plano B (como Mariana Mortágua), quer para perguntar todas as semanas pelo seu paradeiro ou pelo seu conteúdo (como o fazem Passos Coelho¹ e a oposição), quer para dar uma no cravo e outra na ferradura (como António Costa e o governo). A ponto do Expresso já se ter perguntado se o celebrado plano existe ou não? Melhor do que isso, também Bruxelas, que ingenuamente pensávamos que eram para ser da equipa de arbitragem, tem participado activamente no espectáculo, e em duas versões, a benigna e a preversa. Mas, o que me parece mais engraçado nisto tudo, é como aqui não se parece confirmar aquela reputação que a comunicação social construiu de ter um ritmo estonteante de criação e esquecimento das notícias que vai produzindo. Esta história do Plano B do orçamento português permanece tilintando nas manchetes como antigamente acontecia com aquelas máquinas das pinballs, só que aqui desconhece-se quem são os operadores que mantêm a bola sempre em jogo... Entenda-se: este Plano B é um assunto interessantíssimo e folgo muito em vê-lo debatido intensamente nos jornais e no resto da comunicação social; mas, por exemplo, e se os nossos governos não tiverem sido irresponsáveis, haverá decerto um Plano de contingência para o abandono do Euro, e sobre esse não me lembro de o ver sequer referido nesses mesmos jornais, esqueçam lá um mês inteirinho de cabeçalhos dedicados a discuti-lo...


¹ Para quem não tiver verificado as ligações, esclareça-se que, em dois dias encadeados, Passos Coelho desafia António Costa a mostrar como vai evitar o Plano B mas também desafia Costa a avançar já com um plano B. Enfim, o importante é desafiar.

2 comentários:

  1. Ainda tenho esperança de ver os costocépticos a prognosticarem que "a geringonça" não vai durar... dois mandatos.

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  2. Fiquei a gostar dessa sua expressão António Marques Pinto: costoceptico.

    Tanto que, se não se importar, a quero adoptar para mim: sou um costoceptico.

    Não tanto por causa propriamente de António Costa e do seu partido mas por causa dos apoios indispensáveis dos seus (António Marques Pinto) antigos camaradas e dos seus antigos rivais pequeno-burgueses.

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