16 março 2016

AQUILO QUE NOS É CONTADO E AQUILO QUE NÓS QUEREMOS SABER

O quadro é conhecido: foi pintado em 1830 por Eugène Delacroix e é provavelmente a sua obra mais famosa. Intitula-se A Liberdade Guiando o Povo. A descrição e a interpretação simbólica da pintura que consta da entrada da Wikipedia redigida em português é a seguinte:

Delacroix retratou a Liberdade, tanto como figura alegórica de uma deusa como uma mulher robusta do povo, uma abordagem que os críticos contemporâneos denunciaram como "ignóbil". O monte de cadáveres actua como uma espécie de pedestal de onde a Liberdade passa, descalça e com os seios nus, de lona e no espaço do espectador. O barrete que ela usa simbolizou a liberdade durante a primeira Revolução Francesa de 1789-1794. A pintura tem sido vista como um marco para o fim da Era do Iluminismo, assim como muitos estudiosos vêem o fim da Revolução Francesa como o início da era romântica.Os lutadores são uma mistura de classes sociais, que vão desde as classes mais altas, representadas pelo jovem com uma cartola, para a classe média ou a revolucionária burguesia, como exemplificado pelo menino segurando as pistolas (que pode ter sido a inspiração para o personagem Gavroche em Les Misérables de Victor Hugo). O que todos têm em comum é o ardor e a determinação nos olhos. Além da bandeira empunhada pela Liberdade, em tricolor, em segundo plano, pode ser vista também uma bandeira igual, muito longe, nas torres de Notre Dame. A identidade do homem da cartola tem sido amplamente debatida. A sugestão de que era um auto-retrato de Delacroix foi eliminada pelos historiadores da arte moderna. No final do século XIX, foi sugerido o modelo de teatro Etienne Arago, outros têm sugerido o futuro provedor do Louvre, Frédéric Villot; mas não há um consenso firme sobre este ponto.

As descrições da versão francesa, castelhana ou inglesa do quadro são ligeiramente diferentes, mas em nenhuma delas aparecem identificadas, quanto mais respondidas, algumas outras perguntas que a observação atenta do quadro poderá suscitar. Por um lado, em termos mais gerais e filosóficos, para onde é que a liberdade guia o povo? Em perspectiva, será para o sítio onde está o observador, mas que significado poderá isso ter? Por outro lado, e em termos mais concretos e só para exemplo de outras figuras da pintura que nem sequer são referidas, porque é que o morto que nos aparece no solo, do lado esquerdo, nos aparece nu da cintura para baixo e sem calças? Quem terá precisado delas e as terá arrancado com tal pressa e desrespeito que uma meia ainda aparece calçada e a outra não? É por estes exemplos que se percebe o quanto devemos ser sempre exigentes com aquilo que nos dão, tanto mais que chegámos a uma época em que, como nunca antes, se podem fazer ouvir as reclamações da assistência...

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