11 março 2016

NO PAÍS NATAL DE ADOLFO HITLER

A política austríaca é interessantíssima de encapotada. Existe um partido da (extrema) direita nacionalista que, no jogo das denominações, se disfarça deixando-se designar por liberal (FPÖ - Freiheitliche Partei Österreichs), quando de liberal não tem nada e de liberdades (freiheit) é como as mais amplas liberdades democráticas dos comunistas - o melhor é mesmo não as experimentar... O FPÖ recebeu cerca de 20% dos votos nas últimas eleições (2013) e actualmente ocupa um pouco mais do que isso (40 lugares em 183) no parlamento austríaco, ao contrário do que acontece com a muito mais popularizada (e temida) extrema direita nacionalista francesa (FN - Front National) cuja expressão eleitoral (13,5% em 2012) está patentemente subrepresentada no seu parlamento (0,3%). Mas o que eu queria chamar a atenção com estes dois cartazes eleitorais é que, ao contrário do que acontece com os franceses, estes austríacos não se ensaiam nada quando da selecção dos alvos da sua xenofobia. Num deles reclama-se que Viena não se deve tornar numa Chicago, noutro que Viena não se deve tornar numa Istambul,...
...num emparelhamento que transmite uma curiosa visão - quiçá estereotipada - da América dos anos 30, a época em que, por coincidência, o compatriota Adolfo tomava o poder no Reich vizinho. Em jeito de remate, no cartaz de baixo, escreve-se até que aquilo que é dito é o que Viena pensa. Apetece ironizar se em vez de Chicago ou Istambul, a Viena desejada pelos eleitores do FPÖ não se parecerá com uma nova Nuremberga... Claro que propaganda eleitoral é isso mesmo, propaganda, e não deverá ser para levar escrupulosamente a sério, mas continuando no mesmo clima da franqueza grosseira que é um apanágio germânico, um país onde um em cada cinco eleitores se deixa seduzir por discursos daquele género ou é porque a sociedade está sociologicamente instável ou então por estar psicologicamente doente (veja-se mais abaixo). Pode ter até as contas públicas num mimo e, nesse sentido, a Áustria pode ser um dos apoiantes mais entusiastas da corrente disciplinadora da União, encabeçada por Herr Schäuble, mas isso apenas reforçará a classificação da Áustria entre os países que nos são menos simpáticos dentro da União.

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