Esta história já tem mais de uma dúzia de anos, mas a continuação deste texto explicará porque agora me ressurgiu. Desenrola-se num anónimo centro comercial, à porta de um daqueles restaurantes mexicanos de cadeia, onde os procedimentos de franquia obrigam as empregadas a envergar trajo mexicano, mesmo que este lhe assente de forma despropositada. E o que se segue foi o diálogo de uma delas com uma regular família de quatro promitentes clientes que queria jantar:
– Fumadores ou não fumadores? – veja-se, por ainda haver a opção, há quanto tempo foi...
– Fumadores – que os dois adultos fumavam.
– Só tem não fumadores.
E pela zona de não fumadores se resignaram a ficar os clientes, dispensando-se do remoque de perguntar à empregada para que raio fizera a pergunta, se nem sequer havia lugares para fumadores. Mas isso não é o fim da história, porque o caçula da família, uns oito anos mas já então prometido para uma grande carreira no domínio da piada sarcástica e mal assentes nos bancos da mesa da zona de não fumadores, refraseia de forma magistral o diálogo absurdo que se acabara de travar: – Quer empregada esperta ou empregada estúpida? – Empregada esperta. – Só tem empregada estúpida.
Há perguntas que, pelo despropósito, se podem tornar numa insuportável elegia à estupidez. Admitir a hipótese de que alguém possa – de forma não trapaceira – ganhar por oito vezes a lotaria (num caso a que eu já aqui me referira) é um exemplo disso.
Sem comentários:
Enviar um comentário