Ao contrário de muitos outros ismos que proliferam pela política portuguesa, o segurismo tem uma existência própria para além de quem lhe dá o nome – António José Seguro – e seus amigos. Proeminente na vida política portuguesa nos últimos anos, o segurismo revelou-se um estilo cordato e palavroso, por vezes caricato, de fazer oposição que apenas teve o pecadilho de não mobilizar muita gente a dispor-se a votar na oposição. Um cabeçalho noticioso como o da imagem acima demonstra como foi mais fácil Seguro ter abandonado a liderança dos socialistas do que os socialistas abandonarem as práticas do segurismo. Uma iniciativa daquelas – de um deputado socialista chamado Paulo Pisco – é o tipo de intervenção desnecessária e, pior, duplamente inútil.
Convém esclarecer o que é o princípio da dupla inutilidade: um exemplo flagrante é dedicarmo-nos a uma tarefa tão inglória como ensinar um porco a cantar: perde-se tempo e chateia-se o porco. Comunicados com o teor do cabeçalho acima fazem lembrar algo parecido: perde-se tempo – não se está à espera que a visada peça realmente desculpas, pois não?... – e, não se chateando propriamente ninguém, exibe-se a falta de influência do PS na formação das indignações da opinião pública, apesar da condescendência implícita na atitude. É que em contraste, essa opinião pública não precisou para nada da clarividência socialista para colocar Pedro Passos Coelho em maus lençóis por causa do seu CV com a Segurança Social e o Fisco, pois não?
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