Desde há muito recordo que os parâmetros económicos por que um governo podia ser julgado eram a inflação, o desemprego e também o crescimento económico. Quanto ao segundo, desde que este governo tomou posse, talvez porque o emprego se tornou escasso, deixou de se falar exclusivamente de desemprego para se falar de emprego, sobretudo quando é conveniente não deixar explícito que ele, emprego, tem desaparecido. Só se os desempregados desaparecerem das estatísticas ao mesmo ritmo - já não recebem subsídio de desemprego, deixam de estar desempregados. Ainda há menos de um mês, a taxa de desemprego medida pelo INE havia baixado. E como é que isso apareceu noticiado? Taxa de desemprego baixou para 13,3% em Janeiro. Hoje, numa comparação da evolução do emprego à escala europeia no último trimestre de 2014, Portugal aparece como o país em que essa mesma taxa de desemprego mais aumentou. E como é que isso aparece noticiado? Taxa de emprego em Portugal com maior queda da Europa. Conclui-se que, quanto a estes assuntos de desemprego o que é importante é trabalhar a notícia para dar sempre a impressão que se está em queda. Em contraste, no que concerne à inflação, tanta terá sido a queda da dita que nos dias que correm deixou de haver inflação para haver deflação (inflação negativa), embora aí, porque o fenómeno é recente, os cultores desta novilíngua ainda não se mostrem preocupados com a manipulação alternativa dos dois termos em prol de uma forma(ta)ção das opiniões públicas. É sempre engraçado analisar este domínio da semântica económica feito por quem, não percebendo muito de economia, se especializou em compreender e manipular os estados de espírito daquelas.
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