Há uma frase histórica e sábia de um general vitorioso mas lúcido que após a batalha admitiu que não sabia quem fora o responsável pela vitória que o seu exército acabara de alcançar; mas acrescentava que isso não o impedia de saber quem teria sido o responsável caso o desfecho da batalha tivesse sido diferente: ele. Mais do que uma história com moral trata-se de um processo de, recorrendo ao contraditório, avaliar as responsabilidades dos intervenientes mais evasivos a elas. E é aí que Paulo Núncio não escapa: tratasse-se de uma referência de imprensa elogiosa ao trabalho da Autoridade Tributária (veja-se este exemplo de Dezembro passado, ilustrado pela fotografia de... Paulo Núncio) e, nesse caso, ninguém consegue imaginar o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais a conceder um destaque mediático equivalente ao já recebido pelo dr. Brigas Afonso – quem? – ou pelo dr. José Maria Pires – quem? – pela suas contribuições para aquele hipotético sucesso. Vistas por este prisma da reciprocidade e da coerência, as questões da responsabilização dos dirigentes políticos tornam-se cristalinas e isentas de sofismas: se eles podem ser considerados bestiais quando são umas bestas, também podem ser considerados umas bestas, mesmo que sejam – ou se considerem... – bestiais.
Clarinho.
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