09 março 2015

AS «OBSERVAÇÕES» DO OBSERVADOR

O jornal Observador só pode estar a engajar-se descaradamente quando emprega a redacção que acima se pode ler na cobertura à evolução da situação política grega. Depois de ter alcançado uma popularidade anómala de 84% no mês seguinte à sua posse, que representa um pouco mais do dobro da votação dos dois partidos que compõem a coligação governamental grega (41%), dificilmente seria de esperar que a aprovação da actuação do governo grego se perpetuasse, quiçá subisse para valores ainda mais altos: isso só costuma acontecer em países com opiniões públicas consolidadas como a Coreia do Norte onde os regimes são apoiados a 99% e até mesmo mais! Porém, conferindo-lhe ao assunto seriedade que a notícia acima não tem, teria sido decente contextualizar ao menos a relação dos gregos com o seu governo (os tais 64%, em queda) se comparada com a dos portugueses com o seu: de acordo com o último barómetro do Expresso/SIC, os que a consideram positiva – à actuação do governo PSD/CDS – situam-se nos 16,5%. São estes títulos que demonstram quanto a fronteira entre jornalismo e política pode ser grosseiramente ténue. Parece retirar-se acima um prazer malévolo em que a popularidade do governo grego tenha descido para o quádruplo da do governo português...e depois pretende-se que é o Correio da Manhã que tem a fama de praticar mau jornalismo.

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