O caso da demissão do secretário de Estado João Grancho teve a virtude de, no que ao próprio diz respeito, ter decorrido com toda a dignidade. O caso de plágio foi denunciado na comunicação social, o visado apresentou as suas razões e, invocando motivos pessoais, demitiu-se discretamente. Acontecera anteriormente a figuras tão mais qualificadas quanto o presidente da Hungria ou o ministro da Defesa alemão que tiveram de se demitir com bastante menor discrição. Estou na dúvida é se o ex-secretário de Estado merecerá os amigos que se manifestaram em sua defesa e que confundem a solidariedade pessoal (ou política?) com os imperativos da ética. Ignorando a substância das acusações e contornando-as com expressões grandiloquentes (acima), a que associam uma oportuna teoria da conspiração, importará lembrar aos seus amigos que a vileza começou pela prática do plágio e que as primeiras vítimas foram aqueles que foram citados sem seu conhecimento ou autorização. É nestas circunstâncias, onde se tenta inverter o ónus da vitimização, que há que confessar que me merece mais consideração aquele delinquente que se mostra envergonhado do que os solidários que, no meio de tantas acusações de vileza, mostram não ter princípios nem vergonha nenhuma.
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