16 outubro 2014

O CICLO DA PANTERA COR-DE-ROSA


Ler-se a análise de Pedro Santos Guerreiro ao orçamento de Estado pode ser uma explicação prática de como funcionavam os mecanismos do rotativismo durante as décadas de monarquia constitucional. Naqueles anos os governos caiam antes das eleições. Estas costumavam ser um pró-forma posterior para legitimar o governo que tomara posse.Remata ele: Talvez este não seja mesmo o último Orçamento deste governo, pois há espaço para rectificativos. Mas este pode ser o último governo deste Orçamento. Porque já não estamos a governar, estamos a gerir a situação. (...) Viremos folhas ao calendário. O actual governo parece condenado. Se fosse há 150 anos, El-Rei chamava Pedro Passos Coelho e António Costa, demitia o primeiro e encarregava o segundo de formar governo e organizar as eleições. Agora, com um chefe de Estado livre para se mostrar mais parcial, resiste-se ao inevitável: a máquina governamental já abandonou a defesa da causa dos professores, da causa dos tribunais, da causa do descrédito da execução orçamental e do orçamento para o próximo ano e despertou para uma preocupação desmesurada com cheias em regiões urbanas. Mas atenção, apenas as cheias de Lisboa é que são importantes para os responsáveis pela comunicação governamental o resto do país até pode ficar todo debaixo de água, que o assunto só lhes interessará se os autarcas dos locais inundados tiverem ambições de vir a desalojar o primeiro-ministro. Até já colocaram António Costa a dizer algumas evidências impopulares, mas suspeito que o ciclo do futuro líder do PS parece ser já como o da pantera cor-de-rosa, que caiu em goto junto do público sem que fosse preciso dizer uma palavra que fosse...

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