Porque as razões para o fazer me são simpáticas, por causa de um caso remotamente semelhante que me envolve pessoalmente, acho muito interessante esta iniciativa de Francisco Louçã para desmascarar um dos heroísmos do 25 de Abril, daqueles que se tornam progressivamente cada vez mais heroicos à medida que os anos passam. É irónico ver Louçã, embora por razões familiares, ao lado daqueles que a 25 de Abril não venceram e é óbvio que se Louçã não tivesse a projeção mediática que tem, dificilmente a RTP (onde trabalha o seu irmão António) lhe daria a oportunidade que deu, o que me leva a especular quantos outros heroísmos de Abril existem por aí que não são contraditados apenas porque isso não foi possível durante os anos que imediatamente se seguiram e porque isso agora não interessa nada, como se costuma ouvir naqueles simbólicos e imorredouro remates de Teresa Guilherme a situações enfadonhamente similares às que aparecem no vídeo acima. Neste caso, copiando a atitude desabrida e tonta daquele ícone televisivo, torna-se confrangedor o comportamento da jornalista ao longo do depoimento de Francisco Louçã, procurando repetidamente interrompê-lo na sua exposição, que se percebia estruturada, preparada, substantiva e... arrasadora para o pretenso herói de Abril. Descobri que a profissional se chama Rosário Salgueiro e é até subdirectora de Informação na RTP. Fiquei sobretudo a saber que era ela a responsável pela emissão original que produzira o relato que Louçã procurava, cinco meses depois, corrigir. A exibição da entrevista era o exercício atrasado e atabalhoado de um direito de resposta. Acrescento isto porque, por cortesia ou porque não teve tempo, estes esclarecimentos não chegou Louçã a prestar. É para dar os devidos nomes à mediocridade.
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