Ainda a reforçar o poste onde aparece Francisco Louçã repondo uma verdade do que aconteceu a 25 de Abril e em contraponto às invenções que agora se toleram, permitam-me acrescentar e descrever a fotografia acima. Não é uma foto particularmente conseguida do ponto de vista estético, nem me foi possível localizá-la com precisão (embora haja quem me sugira - ver comentários - que se trata da Rua Nova da Trindade), embora seja seguro que se trate da data correcta e de uma daquelas ruas do centro de Lisboa que mais tarde se irão encher de pessoas a celebrar a Vitória. Mas ainda é cedo, as ruas estão desertas, e apenas se vê uma cabeça furtiva e temerosa assomando e tentando adivinhar as intenções dos ocupantes que se concentram na traseira do camião Mercedes que se vê ao fundo (recorde-se que, à época, aquelas viaturas eram utilizadas pelas forças militarizadas como a GNR, as forças armadas usavam sobretudo Berliets e Unimogs para o transporte do seu pessoal). Em suma, o que se observa é uma saudável prudência inicial, atitude muito distinta das lendas que hoje lemos a figurões e figuronas como o nosso estimado Vasco Nome-a-sério-nome-a-brincar, que nos conta à data ter ido para ali passear como quem vai à feira (popular), sem que a sua acompanhante da altura (Maria Filomena Mónica) tivesse resistido a uma hipotética visita à sede da PIDE na Rua António Maria Cardoso, qual equivalente emotivo a um passeio de montanha russa, tal seria a descarga de adrenalina que a visão da fachada do edifício devia desencadear...
Bom dia
ResponderEliminaré a Rua Nova da Trindade, o camião está mais ou menos à porta a Cervejaria
António Lino
Obrigado.
ResponderEliminarEssa é também a minha opinião - quem quiser consultar o título da fotografia, título que lhe dei quando a arquivei, pode ler-se: Outro 25 Abril Trindade.
Contudo, quando estive a estudar o mapa da Rua Nova da Trindade para ver se a topografia coincidia com o que estava à vista, não consegui identificar a reentrância a que se acolhe o civil que espreita. E por precaução preferi ser um pouco mais genérico na localização da foto.
Tanto mais que, para a história que conto, até dava jeito que se tratasse da Rua Nova da Trindade que fica precisamente no enfiamento da Rua António Maria Cardoso que tantos arrepios excitantes provocaria na Maria Filomena Mónica.
Mas tratando-se este poste de uma censura genérica às histórias que são contadas mais convenientes com sacrifício da verdade, não deixaria de ser irónico que eu estivesse, mesmo em circuito fechado, a fazer algo de semelhante.
E, de qualquer forma, penso que a fotografia não perde a sua pujança sem estar tão precisamente localizada. Mas com todas estas explicações, fica exposto porque é que às vezes um poste destes, apesar de simples, têm muitos mais problemas "editoriais" do que aqueles que se podem deduzir do texto.