A fotógrafa norte-americana Eve Arnold tirou esta fotografia em Chicago em 25 de Fevereiro de 1962 mas ela perdurará como uma das melhores demonstrações mudas e de impacto imediato em como em política não há impossíveis. Contra o centralismo europeu, ainda veremos os nacionalismos de direita a convergirem com os patriotismos da esquerda em cada estado-membro... Mas, concentremo-nos na foto, onde se deve esclarecer que os anfitriões pertencem à Nação do Islão, uma seita religiosa sincrética fundada nos Estados Unidos em 1930 e que granjeara por aquela altura projecção mediática graças à figura de Malcolm X (1925-1965) – fora para o fotografar que Eve Arnold comparecera naquele meeting. A delegação de convidados pertence ao Partido Nazi Americano, organização que ressuscitara e agora subsistia dezassete anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Sentado ao centro, o seu Führer chama-se George Lincoln Rockwell (1918-1967). Enquanto os primeiros promoviam a supremacia negra, os segundos promoviam a supremacia branca, ambos pugnando por nações separadas pela cor da pele. O adversário comum, que os tornava aliados, era o status quo vigente na América e compartilhavam, para além disso, o mesmo estilo confrontativo que levaria qualquer deles, Malcolm e Rockwell, a morrerem mortes violentas três e cinco anos depois. A foto é um tratado político.
O antijudaísmo que ambas as entidades sufragavam também era factor de aproximação não despiciendo numa convergência, à primeira vista, tão bizarra.
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