09 outubro 2012

DUAS HISTÓRIAS SOBRE ECONOMIA NO FACEBOOK

O facebook, como a Internet em geral e pela sua própria natureza, não se presta a mensagens extensas e/ou complicadas. Saúda-se por isso as tentativas de compactação pedagógica de assuntos mais sérios como é o caso das lições de economia. Aqui se apresentam duas dessas lições, a primeira numa imagem completa (clicar em cima para as ampliar), a segunda nem por isso, por causa do espaço – mais abaixo indicarei onde ela poderá ser lida integralmente. Neste primeiro caso, ao contrário do que o título possa sugerir, o curso rápido pretende realçar a importância das finanças na fluidez económica.
Há que dizer que parece existir na história uma martelada na lógica – o gerente, com falta de liquidez, não se devia ter apropriado de um dinheiro que era apenas um adiantamento – mas a história chama a atenção para a importância do dinheiro como catalisador para a resolução de um problema que até podia ter sido solucionado contabilisticamente se os vários intervenientes se tivessem apercebido que havia ali um circuito fechado de dívidas. É uma questão técnica. A segunda história – Equidade fiscal, que poderá ser lida na totalidade aqui – é muito diferente: trata-se de uma questão ideológica e quer induzir-nos a uma conclusão – a de que não se deve sobretaxar os mais ricos senão eles fogem…
Aquilo que acima qualifiquei de martelada na lógica parece aqui substituído por um martelo pilão... Envolvendo a história um grupo de amigos que se reúne regularmente numa cervejaria, alguém concebe que as contas fossem repartidas da forma esquizóide que são ali apresentadas? 59+18+12+7+3+1+0+0+0+0?... Deixem-me apresentar um cenário alternativo a esse: que tal se, muito antes do amigo rico amuar por causa da (injusta) hostilidade dos outros, já os seus colegas pobres e remediados o haviam expulso da tertúlia por se estar a armar em forreta e obrigá-los àquelas contas complicadas? Não sei se houve algum prémio nobel a escrevê-lo mas ele há coisas a que as pessoas não se prestam, nem mesmo por uns goles de cerveja…

4 comentários:

  1. É possível que me tenha escapado algo...(?) Será que o meu amigo manteria a mesma posição/inflexibilidade caso a cerveja fosse substituída, digamos, pelo IRS, por exemplo ?
    A meu ver, os escalões do imposto e respectivas deduções dão origem a "cenas" muito parecidas...

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  2. Encontrei a resposta à minha questão no seu post "Falácias", um pouco mais acima.
    Pelos vistos, falemos de cerveja ou impostos, a sua opinião é a mesma.
    Não é o meu caso. Acredito que existe um limite a partir do qual, ricas ou menos ricas, as pessoas deixam de estar disponíveis para pagar. Passam a ver o imposto não como um dever de cidadania, mas como puro confisco. E se o remediado não tem muitas formas de fugir ao fisco, ao verdadeiramemte rico não faltam instrumentos, nomeadamente a mudança de endereço fiscal...

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  3. Penso ter deixado claro que a saturação com os impostos toca-nos a todos e não apenas aos mais ricos.

    Mas são estes últimos os que mais se queixam, os que mais publicidade dão aos seus queixumes ao mesmo tempo que são os que menos contribuem proporcionalmente para a sociedade, se atendermos ao que ganham.

    Será que Mexia ou Bava merecem os milhões que ganham? Se são assim tão bons porque não lhe entregam desafios à altura das suas reputações: equilibrara as contas da CP, dos Metros de Lisboa e do Porto, da Carris e dos STCP?

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  4. O facto de serem os mais ricos os que mais se queixam não será de admirar. Não só são normalmente mais escutados e referidos pela comunicação social, como são também os alvos das taxas mais elevadas… E porque as suas taxas são mais elevadas, não entendo a sua afirmação de que eles contribuem proporcionalmente menos…

    O problema é que, para o fisco, já é “rico” qualquer cidadão com rendimentos pouco mais que medianos. Daqui decorre que a taxa de imposto que lhe é aplicada é a mesma ou muito semelhante à que é aplicada aos que ganham verdadeiras fortunas, como sejam os exemplos que referiu. Acredito que esta relativa “injustiça” não resulta das baixas taxas aplicadas aos ricos, mas sim das elevadas taxas a que estão sujeitos os que apenas são ricos aos olhos do fisco.

    Quanto à pergunta que coloca, tendo a responder negativamente. Julgo que o rendimento das pessoas que menciona é a todos os títulos exagerado. Mas o que está mal não é a taxação a que estão sujeitos (que considero elevada), são os seus salários.

    Há uma tendência nacional para tentar resolver todos os problemas com recurso aos impostos. Os rendimentos “pornográficos” não se resolvem com impostos, combatem-se na origem! Deve analisar-se a sua proveniência e razoabilidade e impedir-se o surgimento de aberrações com legislação adequada.
    Como sabe - melhor do que eu - é frequente as administrações das grandes empresas cotadas em bolsa conseguirem auto-determinar as suas próprias remunerações. Seja porque o capital está de tal modo pulverizado que se torna fácil contornar ou mesmo aliciar as designadas comissões de remunerações, seja porque os accionistas de referência, ao poderem designar um ou mais elementos da administração, têm, eles próprios, interesse no nível de remuneração desses elementos… Isto não se resolve com impostos, resolve-se com legislação e controlo por parte da CMVM.

    Tal como milhares de outros cidadãos deste país, comprei umas quantas acções do BCP a um preço próximo dos 2 euros… estiveram recentemente a menos de 0,04 €… e não valem hoje muito mais… Faz algum sentido que o sr. Jardim continue a beneficiar das regalias obscenas que se auto-atribuiu? Alguém entende a razão pela qual o sr Constâncio auferia no Banco de Portugal um salário superior ao do seu colega da Reserva Federal dos Estados Unidos? A situação do actual governador é radicalmente diferente ? É concebível que a secretária-geral do Parlamento se tenha reformado no início do corrente ano com uma pensão superior a 6000 euros mensais? Aceita-se que o sr Catroga acumule pensões de reforma com o principesco salário da EDP? and so on, and so on… Não é recorrendo à tributação que apagamos estes escândalos.

    Por fim, não bastam bons gestores para equilibrar as contas das empresas públicas de transportes. É necessário que o Estado lhes pague o que lhes deve e, não vale a pena escamotear a questão, alterar drasticamente as condições salariais vigentes e as regras do recurso à greve…

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