Ao contrário do protagonista da famosa novela de espionagem de John Le Carré, a atleta da ex-União Soviética Uljana Semjonova nasceu e desenvolveu
toda a carreira desportiva no frio. Medindo 2,13 metros quando adulta – o que já seria uma
altura imponente para um homem – a gigante soviética nasceu fadada para se tornar basquetebolista
e rapidamente se tornou numa referência mundial da modalidade por causa da diferença
da sua altura para com as suas adversárias e colegas (acima). Não se movimentando
em campo com especial dinamismo, nem sequer com graciosidade, a sua
contribuição para os consecutivos sucessos das equipas que integrava não
deixavam por isso de ser extremamente efectivas. E irritantes, por causa da ausência de emoção.
Na fotografia acima, que foi tirada durante os Jogos Olímpicos de Montreal (1976),
Semjonova aparece a lançar rodeada por toda uma frustrada equipa de cinco(!) japonesas que
tentam em vão impedi-la de o fazer, num jogo que a equipa soviética (que se viria a sagrar campeã em
duas olimpíadas consecutivas) ganharia tranquilamente por 98-75. Mas se
Semjonova se tornou num activo importante para a máquina de propaganda desportiva
soviética nesses anos de rivalidades da Guerra Fria, do outro lado, o contra-ataque centrou-se
na sua imagem disforme, na faceta assustadora do seu gigantismo. Não tardou que
a comparassem a Jaws (o actor Richard Kiel), apropriadamente um dos vilões bizarros (com dentes de aço...) dos
filmes de 007 James Bond…
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