05 outubro 2012

A GALHETA

Como cantava Charles Aznavour, falo-vos de um tempo que os de menos de vinte anos já não conhecem, tempos esses em que as crianças não eram escassas e em que a metodologia aceite para a sua educação era menos sofisticada. Contudo, maugrado o que se possa hoje pensar, como em quase todas as relações humanas também as sanções físicas às crianças eram, numa maioria das vezes, ritualizadas. A agressão era mais exuberante que eficaz, a designação do gesto também era amenizada: uma estalada tornava-se numa galheta (ou qualquer outra designação substituta) e às vítimas era tolerada uma ampla panóplia de gestos defensivos, aprendidos com a experiência, que neutralizavam o efeito doloroso da dita galheta. A fotografia é mais uma vez de Joan Colom.

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