13 junho 2024

FRANÇOISE HARDY E A «ARTE» DE «VENDER VINHO E CARVÃO» UNS AOS OUTROS

Em consequência do anúncio anteontem da morte da cantora francesa Françoise Hardy, e em complemento às notícias necrológicas da comunicação social tradicional, ocorreu ontem uma espécie de epidemia nostálgica nas redes sociais, com imensas publicações a respeito, embora raras se destacassem pela imaginação: o mesmo tema e evocado por todo o lado da mesma forma. O ambiente de concorrência fez-me lembrar esta passagem de O Escudo de Arverne de Astérix. Andamos todos a vender vinho e carvão uns aos outros. É por isso que Goscinny era um génio.

Esclareça-se que também eu, noutro tempo oportuno, aqui evoquei Françoise Hardy e a mais do que previsível canção «Tous les garçons et les filles» por ocasião do 60º aniversário da sua estreia televisiva em 1962. Mas, para contrariar aquelas publicações expectáveis por ocasião agora da sua morte, recorde-se que, com ela e com as pessoas da sua geração, é uma memória de uma certa Europa que desaparece: ela própria já não teria memória disso, mas, quando Françoise Hardy nasceu em Paris, em 17 de Janeiro de 1944, a cidade ainda estava ocupada pelos alemães...

E os russos ainda haviam de chegar a Berlim...

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