17 junho 2019

A PERSEGUIÇÃO A O.J. SIMPSON

17 de Junho de 1994. Como principal suspeito pelo assassinato da ex-mulher, uma antiga estrela de futebol americano, O.J. Simpson (até aí relativamente desconhecido na Europa), é perseguido pela polícia ao volante do seu jeep pelas auto-estradas de Los Angeles, enquanto os helicópteros das várias estações de TV faziam a cobertura em directo da perseguição. Foram mais de duas horas e quase 100 quilómetros de um nada informativo, mas que, ainda assim, terá alcançado uma audiência de 95 milhões de telespectadores. Satisfeita a curiosidade mórbida do auditório norte-americano, com a rendição do foragido O.J. Simpson (para onde haveria ele de ir, com 95 milhões de compatriotas a segui-lo?...), o episódio só teve ressonância nos Estados Unidos, e a repercussão fora dele foi quase nula. O fim da Guerra Fria determinara que desaparecesse uma preocupação anterior, de décadas, de mostrar uma sintonia de interesses entre americanos e o resto do Mundo por certos temas mediáticos, como seriam os casos de acontecimentos desportivos como os Jogos Olímpicos ou então a chegada do primeiro homem à Lua. Ao contrário do que acontecera com a comoção como fora acompanhado o assassinato de John F. Kennedy, ele havia coisas dos americanos que interessavam apenas aos americanos e não ao resto do Mundo, e o contrário também era verdade. Por exemplo, naquele mesmo dia 17 de Junho de 1994 começava em Chicago o Campeonato Mundial de Futebol (com a presença do próprio Bill Clinton), mas os americanos, nem por curiosidade, atribuíram ao evento uma importância comparável à que haviam dedicado a esta perseguição a Simpson. A maior audiência doméstica que o torneio veio a gerar foram 11 milhões de telespectadores para um jogo entre o Brasil e os Estados Unidos a 4 de Julho (e porque era feriado).

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