(Republicação)
O episódio teve lugar no Sul Profundo (Deep South) dos Estados Unidos durante o Verão de 1964. E as chamas do título são uma referência aos incêndios ateados pelos membros do Ku Klux Klan (acima) nas igrejas das congregações negras onde os activistas dos direitos cívicos haviam realizado previamente sessões incentivando os negros a registarem-se como eleitores. Pelo menos 20 igrejas haviam sido incendiadas quando outro incidente mais grave fez concentrar a atenção dos Estados Unidos em Neshoba, Mississippi.
A 21 de Junho de 1964, a organização que patrocinava aquelas sessões anunciou publicamente o desaparecimento súbito de três dos seus jovens activistas (acima e da esquerda para a direita: Andrew Goodman de 20 anos, James Chaney de 21 e Michael Schwerner, de 24), que haviam saído para inspeccionar os destroços duma das igrejas incendiadas no condado de Neshoba. Sabia-se que a polícia local os havia detido por umas horas mas que acabara por os libertar, tendo-se perdido o seu rasto depois disso.
Noutros tempos, um desaparecimento destes poderia ter sido considerado um incidente menor e passar desapercebido. Mas naquelas circunstâncias, no quadro da luta dos negros pelos Direitos Cívicos (acima Martin Luther King), conjugado com o facto de dois dos desaparecidos serem de origem nova-iorquina, o incidente acabou por vir a receber uma atenção mediática inusitada, a que não faltou a ressonância da clivagem entre o Norte e o Sul que havia provocado a Guerra Civil (1861-1865) precisamente cem anos antes.
A 21 de Junho de 1964, a organização que patrocinava aquelas sessões anunciou publicamente o desaparecimento súbito de três dos seus jovens activistas (acima e da esquerda para a direita: Andrew Goodman de 20 anos, James Chaney de 21 e Michael Schwerner, de 24), que haviam saído para inspeccionar os destroços duma das igrejas incendiadas no condado de Neshoba. Sabia-se que a polícia local os havia detido por umas horas mas que acabara por os libertar, tendo-se perdido o seu rasto depois disso.
Noutros tempos, um desaparecimento destes poderia ter sido considerado um incidente menor e passar desapercebido. Mas naquelas circunstâncias, no quadro da luta dos negros pelos Direitos Cívicos (acima Martin Luther King), conjugado com o facto de dois dos desaparecidos serem de origem nova-iorquina, o incidente acabou por vir a receber uma atenção mediática inusitada, a que não faltou a ressonância da clivagem entre o Norte e o Sul que havia provocado a Guerra Civil (1861-1865) precisamente cem anos antes.
Foi a pressão mediática que levou a administração federal a afectar à investigação os meios e a atenção que as autoridades estaduais e locais – do Mississippi e de Neshoba – não pareciam dispostas a dedicar. Durante seis semanas as peripécias da investigação desenvolvida pelo FBI, nomeadamente a descoberta da carcaça ardida do automóvel que transportava os activistas (acima), foram notícia nacional, até à descoberta do paradeiro dos cadáveres, enterrados num açude a uns meros 10 km a Sudoeste da capital do condado…
…e depois disso percebeu-se a razão principal para a ineficácia das investigações das autoridades locais: o próprio xerife de Neshoba e o seu adjunto também estavam directamente envolvidos nos acontecimentos que haviam conduzido ao assassinato! Concretamente, o adjunto libertara os activistas conduzindo-os à emboscada onde haviam sido mortos. Politicamente, a causa dos negros ganhara imensos pontos: em 2 de Julho, o Presidente Lyndon Johnson (também ele Sulista, do Texas) assinara a Lei dos Direitos Cívicos.
A outra batalha – a da condenação dos responsáveis pelos assassinatos – não teve um desfecho tão claro. O julgamento de 18 réus arrastou-se até 1967 e os recursos às sentenças até 1970. Quanto à atitude dos principais envolvidos durante as audiências era a insolência da fotografia acima, o adjunto Price ao lado do xerife Rainey mascando tabaco. Detestáveis! A longo prazo a causa racista estava perdida. Em 1988 Hollywood produziu um filme sobre os acontecimentos (abaixo) e eles eram considerados irrecuperavelmente maus…
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