11 junho 2024

SE A REFERÊNCIA FOR ESTES DOIS ABAIXO, ENTÃO SER-SE JORNALISTA É MESMO UMA ACTIVIDADE MUITO «ABERTA»

No programa Isto é gozar com quem trabalha de ontem, Ricardo Araújo Pereira recebeu como convidados Ana Sá Lopes (Público) e Miguel Pinheiro (Observador) que ele apresentou como sendo jornalistas. Eu não acompanho o que se publica e radiodifunde no Observador com a mesma intensidade como sigo o que aparece no Público mas, quanto a Ana Sá Lopes, não tenho memória alguma de ler uma notícia sua nestes últimos anos. O que a vejo fazer é mandar opiniões, sobretudo sobre política nacional. E desconfio que o mesmo acontecerá com Miguel Pinheiro, pelo pouco que o ouço. Deparamo-nos com o mesmo equívoco que há sete semanas levou João Miguel Tavares - que também se deve considerar a si próprio jornalista - a classificar Sebastião Bugalho como colega de profissão. O conceito original de jornalista parece estar ultrapassado. A responsabilidade da produção das notícias parece agora assentar nas agências noticiosas. Toda esta gente acima citada e tantos outros que também se alcunham por jornalistas, aquilo que fazem é darem opiniões. E, por isso mesmo, é sempre complicado questioná-los quanto ao que os qualificará para possuírem o estatuto de serem eles a falar e os outros a ouvir. Quando se lhes faz a pergunta, não gostam. Porque as explicações são tão curtas quanto a definição do que são os profissionais é abrangente. O que desqualifica a profissão e o profissional. Tanto é assim, que aqueles que tiveram outra vida mas que agora também vivem de aparecer a dar opiniões querem continuar a ser conhecidos por aquilo que foram, não por se terem tornado jornalistas na terceira idade; exemplos assim mais conhecidos da televisão, há o do advogado José Miguel Júdice, o major-general Agostinho Costa ou o embaixador Seixas da Costa, que poderiam, por esta liberalidade, ser tratados também por jornalistas, já que eles fazem a mesma coisa que os outros: dão opiniões. Mas desconfio que qualquer deles se sentiria insultado se lhes disséssemos que agora estão a fazer trabalho de jornalistas...

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