(Republicação)
23 de Junho de 1944. Início da Operação Bagration. Para os soviéticos, o desencadear da Operação Úrano, em Novembro de 1942, foi mais uma proeza de astúcia do que de força, cercando, para o aniquilar, e apenas devido à dispersão das forças do inimigo, o exército alemão que se obcecara em excesso com a conquista de Stalinegrado. Em Julho de 1943, na Batalha do Kursk (a Operação Cidadela, segundo o nome dado pelos alemães), já as forças presentes dos dois lados se equivaliam, e a vitória soviética resultou da habilidade de, conhecendo-lhe as intenções, dar a iniciativa ao inimigo, desgastando-o na sua ofensiva, para depois o contra-atacar depois disso. Mas nesta Operação Bagration, a coincidir com o início do Verão de 1944 e prometida aos Aliados por Stalin para a fazer coincidir com o desembarque na Normandia, já a superioridade passara inteiramente para o lado soviético. A questão já não se poria em saber qual o desfecho da ofensiva que o Exército Vermelho iria desencadear, a dúvida consistia apenas em saber qual a dimensão da derrota táctica da Wehrmacht. Essa derrota será colossal (como os cenários macroeconómicos de Vítor Gaspar...). Em duas semanas, pouco mais, serão destruídas 25 divisões alemãs, perder-se-ão 400.000 combatentes, haverá uma hecatombe entre os oficiais generais alemães: 9 mortos e 23 prisioneiros (na fotografia abaixo, da capitulação de Vitebsk, os dois generais alemães vencidos do lado direito, são o general Gollwitzer, comandante do 53º Corpo de Exército e o general Hitter, comandante da 206ª Divisão). O avanço soviético cifrou-se em 400 km e alcançou as antigas fronteiras da União Soviética com a Polónia e as repúblicas bálticas, a dinâmica da ofensiva veio a ser mais perturbada pelos problemas da logística de acompanhar um exército fortemente motorizado, do que pela capacidade de resistência das unidades alemãs ainda em condições de combater. No lugar das 25 divisões destruídas restaria o equivalente a 8 enquanto se aguardava a chegada de outras 8 em reforço. Diante delas, o estado-maior alemão enumeraria 126 divisões soviéticas de infantaria e outras 6 de cavalaria, para além de 62 brigadas blindadas. Naquele sector da Frente Leste e em termos de potencial de combate os alemães defrontar-se-ão a partir daí numa desproporção de um para dez! Hitler's Greatest Defeat é um livro já com 30 anos mas que cumpre a sua missão de explicar sucintamente uma tão grande e tão decisiva ofensiva em 170 páginas. Que é muito mais do que se pode dizer de evocações de jornal (em 2019) que mostram que quem as escreveu nem sequer quis perder muito tempo na wikipedia a documentar-se (para dizer mais que trivialidades misturadas com asneiras...).
Sem comentários:
Enviar um comentário