O erro continua insistentemente a persistir por aí, para mais avalizado por opinion makers como João Miguel Tavares ou Ricardo Araújo Pereira. O erro consiste em dar a alcunha de jornalistas a quem se notabiliza por - e se limita a - emitir opiniões sobre política. Jornalismo é uma outra coisa: quando vemos acima Bob Woodward e Carl Bernstein a assistir ao discurso de resignação de Richard Nixon, como corolário do Caso Watergate, aquilo que estava a acontecer já ia muito para além do que fora o seu trabalho jornalístico. E é por isso apenas apropriado que eles apareçam naquela foto acima como testemunhas distanciadas do acontecimento. E isso não quer dizer, antes pelo contrário, que não tivessem «vigiado» a acção do presidente. Ora no caso e pelo conceito de jornalismo de João Miguel Tavares, teria sido indispensável que Woodward e Bernstein também tivessem ido à televisão em 8 de Agosto de 1974 para dizer umas coisas, formular palpites, dar opiniões sobre a actualidade política norte-americana. Ora essa é toda uma outra actividade, o comentadorismo profissionalizado, que, só por insistência cega e conveniência de nomenclatura, pessoas como João Miguel Tavares ou Ricardo Araújo Pereira designam também por jornalismo.
Agora o que é desagradável é que, por causa de estarmos a designar duas actividades diferentes, se escrevam disparates como o que aparece assinalado mais acima: como é que João Miguel Tavares quer que comentadores encartados vigiem a acção dos políticos? Em animados bate-bocas televisivos?...
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