Sábado, 20 de Outubro de 1973. Para se cobrir das repercussões daquele que começara por ser o caso do assalto nos edifícios Watergate, o presidente Richard Nixon decidira ser ele a nomear em Maio de 1973 um investigador especial para aquele caso. O investigador chamava-se Archibald Cox e, cinco meses passados, depois da descoberta dos gravadores que gravavam as conversas na Casa Branca, estava a revelar-se demasiado "diligente" para os desejos do presidente Richard Nixon. Há cinquenta anos, com a descrição de se estar em pleno fim de semana e com as atenções mediáticas francamente focadas na Guerra do Yom Kippur, Nixon convocou discretamente o novo (desde também Maio de 1973...) Procurador-geral da sua administração, Elliot Richardson, instruindo-o para que ele demitisse Cox. Richardson não só não o demitiu, como se demitiu ele próprio em protesto. O vice de Richardson, William Ruckelshaus, convocado por sua vez, adoptou precisamente a mesma atitude e demitiu-se. Foi preciso descer mais um nível na hierarquia, com o substituto Robert Bork, para que houvesse alguém disposto a cumprir as directivas do presidente e demitisse Archibald Cox. O investigador fora demitido, mas o processo, que se pretendia discreto, passara a ser tudo menos isso. A imprensa apressou-se a baptizar todo o episódio, numa ironia não desprovida de exagero, de «O Massacre de Sábado à Noite». Para a imprensa americana, o assunto encheu logo as primeiras páginas das edições de Domingo 21. Mas para a imprensa portuguesa, concentrada, como a do resto do Mundo, no conflito israelo-árabe então em curso, a notícia demorou mais tempo a cá chegar (dia 22).
O incidente terá tido um significativo impacto negativo na imagem de Richard Nixon. É difícil aceitar que isso terá acontecido no mesmo país que hoje tem aceitado com uma reacção inexplicavelmente mais moderada tudo aquilo de que tem sido acusado Donald Trump.
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