15 de Outubro de 1963. Esta notícia do Diário de Lisboa dá-nos a verdadeira imagem de como podia ser noticiado o presidente dos Estados Unidos há 60 anos. Era um alvo político como outro qualquer, e esta reportagem acabada de publicar na revista norte-americana Newsweek, a que o vespertino lisboeta dá, por sua vez, ressonância, é a evidência disso. Assinalam-se as consequências da política racial da Administração Kennedy, realçando-se o desagrado que essa política estava a provocar entre os eleitores brancos dos estados sulistas. Ainda hoje estes últimos continuam a constituir o núcleo mais reaccionário do eleitorado americano, onde, nos dias que correm, as simpatias por Donald Trump prevalecem por larga maioria. Contudo, regressando aos redactores que então apreciavam negativamente em saldos de votos as consequências da política racial naquelas paragens, aquilo que eles não sabiam, e hoje nós sabemos, é que, dali por pouco mais de um mês, John F. Kennedy viria a ser assassinado e o tratamento mediático ao presidente defunto passou a ser o de um mártir, contra quem nada de mal se passou a poder escrever. No jornalismo, o prevalecente é a capacidade de vender papel, não as convicções.
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