16 outubro 2023

MANEIRAS PECULIARES COMO SE DÁ UMA NOTÍCIA

Quando este caso surgiu, em finais de Abril de 2014, João Alberto Correia, que era à época o director-geral da direcção-geral de Infraestruturas e Equipamentos (DGIE), um organismo pertencente ao Ministério da Administração Interna, foi detido por suspeitas de corrupção. E, como se lê na notícia mais abaixo, Miguel Macedo, o ministro da pasta, saiu em defesa da instituição: o seu prestígio não estava em causa. Não estaria, mas dois meses e meio depois, em Julho de 2014 e aproveitando quiçá a folga das atenções do Verão, a direcção foi extinta e o seu pessoal disperso... Para quem se mostre desconfiado quanto às intenções do ministro, acrescente-se que a história não acabou aqui porque, soube-se bastante mais tarde, a rede de corrupção envolveria conexões maçónicas e dali por quatro meses, em Novembro de 2014, o próprio ministro, que também teria os seus telhados de vidro, via-se atascado num outro escândalo paralelo, o dos vistos gold, e por isso forçado a pedir a demissão. Em comunicado de 16 de Novembro de 2014,  o PSD elogiou a dignidade de Miguel Macedo, recusando a comparação com outros ministros. Mas em termos de notoriedade mediática, nunca mais o caso se conseguiu separar do ministro da tutela de então: Miguel Macedo. Concordo o quão pode ser injusto, mas é mesmo assim: recorde-se o caso mais recente de contornos semelhantes, que envolve uma outra direcção-geral, agora do ministério da Defesa, caso esse que não se despega do titular da pasta na época dos acontecimentos: João Gomes Cravinho. Em contraste, Miguel Macedo já se conseguiu despegar do seu caso: lê-se a notícia da condenação - ao fim de nove anos e meio! - do director-geral e em lado nenhum se lê o nome do ministro a quem pertenceu a responsabilidade política de tudo aquilo que hoje foi dado como provado em tribunal. Condenem os escroques mas, ao mesmo tempo, chamem incompetentes aos incompetentes.

Sem comentários:

Enviar um comentário