01 outubro 2023

OS TEMPOS DAS (NOSSAS) GRANDES MANOBRAS

1 de Outubro de 1953. A adesão de Portugal à NATO (1949) e um generoso programa de equipamento das nossas forças armadas que o acompanhara, induzira o ministro Santos Costa (ministro da Defesa Nacional) a um ambicioso projecto. As manobras que acima se anunciam, envolvendo «20.000 homens de todas as armas» no (recentemente inaugurado) «campo de manobras de Santa Margarida» eram a expressão prática e pública desse projecto de um Portugal militar integrado na aliança ocidental. Como acontece tantas vezes com os nossos políticos - está a acontecer precisamente agora com António Costa e as aplicações do PRR... - houvera mais "olhos que barriga", e o nosso país não dispunha de suficientes soldados com as qualificações técnicas necessárias para operar com o equipamento recebido. Mas isso ainda não se sabia - nem se virá a saber publicamente... - quando as manobras foram anunciadas com este destaque há precisamente 70 anos. Aliás, este género de grandes manobras, que por aqui eram apresentadas como novidade, haviam sido, pelo contrário, uma tradição de décadas em muitos outros países europeus, como eram os casos mais à vista da Alemanha ou da França. Em França, e por causa do que acontecera na Segunda Guerra Mundial (a derrota militar da Primavera de 1940), predominava o cepticismo a respeito da eficácia destes preparativos para nova guerra e estava-se numa fase distinta da portuguesa. Em 1955, ou seja dois anos depois destes acontecimentos, iria aparecer um filme chamado As Grandes Manobras, cuja acção decorria nas grandes manobras do exército francês de 1913 (o ano anterior ao início da Primeira Guerra Mundial). Apesar do título, ridicularizando o conceito, embora remetendo a acção para a Belle Époque, tratava-se de uma história de amor... Em Portugal em 1953, onde tanto se gosta de copiar as modas francesas, estava-se a chegar mais uma vez atrasado ao que era moderno...

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