19 de Outubro de 1993. O secretário-geral da UGT, Torres Couto, comparece na Comissão Parlamentar de Inquérito que inquiria sobre o destino que fora aos fundos para formação profissional atribuídos à central sindical UGT. O escândalo rebentara um ano antes (veja-se abaixo a capa de O Independente de Março de 1992, com um dos seus tradicionais trocadilhos) e as denúncias relacionavam-se com as apropriação dos fundos destinados às acções de formação de 1988 e 1989.
Estava-se em pleno cavaquismo, e com o escândalo envolvendo uma central sindical cuja criação fora originalmente apadrinhada pelo centrão (PS e PSD), o resultado era que o ritmo das revelações do que acontecera e a nomeação de quem estivera envolvido era lento, para não dizer mais. O resultado da audiência não foi propriamente esclarecedor. Mas a reputação do secretário-geral da central estava a ser progressivamente arrasada à medida que as revelações se sucediam.
Se o governo do PSD se mostrava incomodado (alguns dos envolvidos eram desse partido, como o tesoureiro, José Veludo*), na direcção da UGT predominavam os socialistas e quase toda essa direcção parecia envolvida no escândalo. O próprio PS, dirigido por António Guterres, preferiu deixá-los discretamente caírem. Daí por um ano Torres Couto demitiu-se do partido, com estrondo mediático e alegando outras razões, mas já então era considerado uma pessoa muito pouco recomendável...
* Veludo foi o único dos arguidos a que o «tribunal considerou atribuível o crime de burla na forma tentada» mas, quando chegou a essa conclusão, em 2007, 14 anos depois da audição parlamentar, estava tudo prescrito...
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