Não me parece ser por acaso que qualquer um dos três septuagenários abaixo - José Pacheco Pereira, Francisco Seixas da Costa, Irene Flunser Pimentel - se mostra aplicado em mostrar a sua opinião sobre o formato como deveria ser discutida a data de 25 de Novembro. É que, qualquer um deles já por lá andava... e todos eles ficaram do lado dos vencidos naquela data. É bem verdade que hoje podemos absolvê-los por aqueles entusiasmos revolucionários da sua juventude, mas que essa absolvição não seja sinónimo de falta de percepção do que significavam as opções que eles tomaram naqueles tempos, em termos dos verdadeiros conceitos de Democracia e de Liberdade. De um lado - o vencedor - estava a Democracia política, do outro... não estava. Com uma ironia ferina poder-se-á dizer que, a 25 de Novembro de 1975, qualquer dos três abaixo esteve do lado errado da História. Entretanto mudaram de opinião sob as virtudes da Democracia que então classificavam de burguesa. E ainda bem. A maioria do resto das suas vidas foi vivida (concordantemente) sob esse registo democrático (burguês). Mas confesso que acho ridículo este seu zelo - e de outros da sua geração - em quererem ainda e sempre reapropriar-se da narrativa daqueles tempos, cada vez que o incómodo assunto do PREC - e do seu término - volta à baila. Se ao menos admitissem honesta e francamente o quão errados estiveram...
PS - O programa «O Princípio da Incerteza» (CNN) de Domingo passado foi um dos sítios onde se pôde observar o contraste entre as opiniões comprometidas destes septuagenários (Pacheco Pereira) com as das outras gerações, protagonizadas por Alexandra Leitão (50 anos) e sobretudo António Lobo Xavier (64 anos), que fez uma revisão da narrativa apresentada previamente por Pacheco Pereira, adicionando-lhe alguns aspectos políticos que este último se esquecera de referir.
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