14 abril 2023

«NÃO ESTAMOS MUITO ATRASADOS NO FERROVIA 2020»

O programa que veio a ser baptizado por Ferrovia 2020 foi apresentado há 86 meses (acima, à esquerda). Eram milhões e milhões «(dos quais 95% são fundos comunitários)» para serem aplicados nas vias férreas «nos próximos seis anos», anunciava Pedro Marques, o ministro de então. Pois bem, esses seis anos acabaram em Fevereiro de 2022, por curiosa coincidência na mesma altura em que o PS se vangloriava da maioria absoluta que recebera nas eleições legislativas. No entretanto, as taxas de execução do programa haviam-se tornado objecto de controvérsia, em que se contrapunham números de execução de uns meros 15% com proclamações de 85% por parte do secretário de Estado da área (não ajuda à credibilidade deste último número que o secretário de Estado em causa seja aquele mesmo Hugo Mendes que se celebrizou recentemente por causa da TAP...) Em suma, Ferrovia 2020 tornou-se uma espécie de código do estilo político de António Costa: promete-se imenso, não se faz (quase) nada, finge-se que nada está a correr mal. Este vice-presidente das Infra-Estruturas de Portugal, Carlos Fernandes, é que agora quer mudar de estilo (acima, do lado direito). Afinal, na apresentação original feita por Pedro Marques o «calendário de execução (estava) totalmente desajustado». «Houve uma imprudência grande ao comunicar um calendário tão desajustado. No dia seguinte à apresentação daquele calendário, alguns dos projectos já estavam quatro anos atrasados. Não era possível fazer aquilo». É mesmo uma pena que essa constatação, que se podia fazer «no dia seguinte» tenha demorado 86 meses a ser admitida, por alguém responsável que, apesar de agora se querer dissociar, já na altura por lá andava como «assessor do então ministro das Infra-Estruturas, Pedro Marques». Quando a este último, Pedro Marques, não compartilho a indulgência do seu antigo assessor de o qualificar de «imprudente»: ou ele não sabia que aquilo que estava a prometer era irrealizável, e é um incompetente, ou então sabia e aí, pior, é um aldrabão. Quanto a Carlos Fernandes, o que se lhe pode dizer é que não tenha a ingenuidade de tentar reescrever agora o enredo de uma história que já leva mais de sete anos e foi um fiasco..

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