Originalmente publicado em Outubro de 2018
Há seis anos e meio, por ocasião do segundo debate presidencial nos Estados Unidos, Donald Trump prometeu, no caso de ser eleito, dar instruções a quem encabeçasse o departamento de justiça da sua administração para que nomeasse um procurador especial para que investigasse a situação de Hillary Clinton, no que concerne ao caso dos e-mails desta última. Foi uma ruptura memorável com aquilo que se convencionara ser uma aparência de civismo mínimo entre candidatos rivais quando diante das câmaras televisivas. Tanto incomodaram as acusações desbragadas de Trump quanto os sorridos da reacção falsa/forjada de Hillary. Transcorridos todos esses anos, e em primeiro lugar, não aconteceu nada daquilo que Donald Trump ali prometeu a Hillary Clinton - a questão dos e-mails morreu. Em segundo lugar, e numa reversão irónica de quem é que é o quê, quem passou a ver-se a braços com uma investigação de um procurador especial foi o próprio Donald Trump, que aí já não gostou de quem escolhera para dirigir o departamento de justiça. E agora, em Abril de 2023, saiu-lhe na rifa ser, mais do que investigado, acusado numa das quatro investigações em que é visado. Porque é que se haveria de ter agora algum respeito por alguém que se pôs a brandir infantilmente a espada da justiça num debate presidencial e agora se aleijou a sério com essa mesma espada?... Só se for por causa da nossa falta de memória.
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