A notícia actual da esquerda, a da prisão do jornalista norte-americano na Rússia, acusado formalmente de espionagem, pode ser confrontada, com propósito, com a da direita, datada de 12 de Abril de 1933, há 90 anos, em que se anunciava o começo do julgamento de 6 engenheiros britânicos em Moscovo, que iam a tribunal acusados de: «1º terem sabotado as fábricas, a fim de minar a indústria soviética e enfraquecer o Estado; 2º colher e utilizar, em detrimento do Estado, informações secretas, de importância militar e estadual; 3º subornar empregados das estações de electricidade do Estado para a execução de actos de sabotagem contra-revolucionária».
No caso concreto do jornalista Evan Gershkovich, nunca me disporia a pronunciar-me quanto à sua inocência a respeito das acusações que lhe fazem. Contudo, o que sei é que, do lado dos acusação, a Rússia tem um rastro histórico tão extenso quanto ridículo de acusações inventadas e julgamentos espectáculo contra estrangeiros (e nacionais), precisamente nas ocasiões em que os seus responsáveis políticos pretendem deflectir responsabilidades sobre aquilo que lhes possa estar a correr mal. É uma coisa do DNA russo, que faz com que a expressão "justiça russa" seja uma contradição nos seus termos.
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