31 maio 2019

O TRATADO DE NÃO AGRESSÃO GERMANO DINAMARQUÊS

31 de Maio de 1939. A Dinamarca e a Alemanha assinam um Tratado de Não Agressão. No quadro de uma situação internacional cada vez mais exacerbada pelo expansionismo alemão, a Alemanha propusera-se firmar tratados daquele teor com os países do Norte da Europa para os tranquilizar: os três países da Escandinávia (Dinamarca, Noruega e Suécia), os três países Bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia) e ainda a Finlândia. A Suécia, a Noruega e a Finlândia recusaram-se, apenas a Dinamarca, conjuntamente com os estados bálticos, o fizeram. A parte alemã fê-lo com evidente má fé: menos de um ano transcorrido, a 9 de Abril de 1940, a Alemanha invadia e ocupava a Dinamarca, ocupação que perduraria até ao final da Guerra. A imagem acima foi recolhida de um filme de propaganda da época (1940), em que se recordavam as palavras diplomáticas hipócritas (passe a redundância...) que haviam sido proferidas pelo ministro Ribbentrop por ocasião da cerimonia de há oitenta anos: «Fica firmemente estabelecido manter a paz entre a Dinamarca e a Alemanha, sejam quais forem as circunstâncias». Foi o que se viu...

Sendo os factos o que são, trata-se de um daqueles casos flagrantes em que os acontecimentos posteriores desautorizaram de todo as boas intenções de quem defendeu esta assinatura do lado dinamarquês, em contraponto, aliás, com a opção que foi feita pelos outros parceiros escandinavos, mais desconfiados. Foi uma asneira política indesculpável. Embora se consigam arranjar desculpas - arranjam-se sempre... - para ela. Os dinamarqueses não são muito expansivos, não gostam - ninguém gosta... - de ter feito triste figura de si próprios, e também não gostam que outros discutam estes episódios mais controversos da sua história (e outros episódios não tão históricos também não). A Dinamarca criou um discurso sobre a sua conduta durante a Segunda Guerra Mundial mas este episódio, especificamente, parece ter-se tornado tabu. Consultem-se as edições de hoje dos dois jornais dinamarqueses de maior circulação (Politiken e Berlingske) e a efeméride não é para ser mencionada sequer.

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