13 de Maio de 1939. O Estado Novo era useiro nestas práticas de dar grande relevo aos aniversários das posses dos governantes. Há precisamente oitenta anos tinha lugar um desses eventos, a pretexto de se completar o terceiro ano do capitão Fernando Santos Costa como sub-secretário de Estado da Guerra, lugar de denominação aparentemente menor, mas que a própria notícia insistia em esclarecer tratar-se de um dos pilares em que assentava o regime, como «braço direito do sr. presidente do Conselho e ministro da Guerra» (Salazar). Actualmente denomina-lo-íamos como o interface através do qual Salazar lidava com o exército, que era quem detinha a força. Aos 39 anos e com o modesto posto de capitão, Santos Costa fora cooptado de uma forma surpreendente pela sua competência como burocrata do ministério da Guerra, daquelas ascensões súbitas que só os regimes despóticos conseguem proporcionar. Mas, mais do que apenas um burocrata competente, encarregue da «vasta e complexa obra de reorganização e (...) rearmamento do Exército», o jovem capitão estava a revelar-se um dos jovens promissores do regime, construindo senão mesmo encabeçando uma das facções, quiçá aquela que seria composta substancialmente pela «oficialidade» que o iria «cumprimentar» e «felicitá-lo pela sua obra». Não querendo revelar demais dos próximos capítulos da história do homenageado, diga-se que Santos Costa vai ganhar e, ao mesmo tempo, perder, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, que então estava a um pouco mais de três meses de distância no futuro. Ganha porque a importância do Exército cresce num Mundo em guerra, e ele ganhou com isso, mas vem a perder a um prazo mais distante, quando apostou as suas simpatias na vitória da causa alemã. A sua carreira política, que se prolongará por mais vinte anos, ficou para sempre ensombrada por ser considerado um germanófilo.
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