12 maio 2019

OS PASQUINS DE HÁ TRINTA ANOS

12 de Maio de 1989. Uma «sondagem» publicada no Diário de Lisboa permitia ao jornal concluir que quase metade dos portugueses está(va) descontente com a actual situação económica e política. A leitura atenta do artigo não permitia descobrir a data da sondagem, o número de eleitores inquiridos, quem a realizara, que métodos haviam sido empregues, enfim, falta ao «estudo» tudo aquilo que hoje é obrigatório incluir na ficha técnica que acompanha tal género de notícias. O pasquinismo de há trinta anos era do outro extremo do espectro político, mais primitivo, mas igualmente descarado. A coisa fazia-se acompanhar de um quadro assaz confuso, que continha o defeito adicional das conclusões a que queriam induzir o leitor se virem a revelar erradas. O propalado sobressalto de desagrado iria ser desmentido em boa parte pelo resultado das eleições europeias realizadas dali por cerca de um mês; e completamente esmagado pela vitória do PSD com nova maioria absoluta dali por dois anos.

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