12 de Maio de 1989. Uma «sondagem» publicada no Diário de Lisboa permitia ao jornal concluir que quase metade dos portugueses está(va) descontente com a actual situação económica e política. A leitura atenta do artigo não permitia descobrir a data da sondagem, o número de eleitores inquiridos, quem a realizara, que métodos haviam sido empregues, enfim, falta ao «estudo» tudo aquilo que hoje é obrigatório incluir na ficha técnica que acompanha tal género de notícias. O pasquinismo de há trinta anos era do outro extremo do espectro político, mais primitivo, mas igualmente descarado. A coisa fazia-se acompanhar de um quadro assaz confuso, que continha o defeito adicional das conclusões a que queriam induzir o leitor se virem a revelar erradas. O propalado sobressalto de desagrado iria ser desmentido em boa parte pelo resultado das eleições europeias realizadas dali por cerca de um mês; e completamente esmagado pela vitória do PSD com nova maioria absoluta dali por dois anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário