28 maio 2019

NAÇÃO MULTIRRACIAL, EMBORA TIVESSE DEIXADO DE QUERER SER PLURICONTINENTAL

A fotografia tem um pouco mais de um mês, é da autoria da Lusa e  mostra o momento em que a ministra da Justiça de Portugal, Francisca Van Dunen cumprimenta o seu homólogo angolano, Francisco Queirós, por ocasião da visita que a primeira estava a realizar a Angola. E é só a correcção política (que inibe as pessoas de dizer aquilo que é óbvio, apenas pelo receio de serem crismadas de racistas) que impedirá o comentário evidente, constatando que, naquela ocasião, a mais escura era a ministra portuguesa. Se o Botas, e mesmo Marcello Caetano, regressassem do outro mundo para a ocasião, desconfio que não se sentissem particularmente confortáveis, apesar daqueles slogans integracionistas a que associamos as políticas coloniais do Estado Novo. É que a Nação Multirracial não era para ser entendida abarcando os cargos de topo da hierarquia do Estado...
Mas também vale a pena ver a História do outro lado. Num episódio da Segunda Guerra Mundial que ocorria em Maio de 1940, lembro-me de ler um historiador francês a recuperar um episódio da invasão de França pelos alemães, em que ele invocava o facto de que a primeira companhia do regimento Grossdeutschland a realizar o assalto a Sedan era comandada pelo capitão Von Courbiére, «que estaria do outro lado se Luís XIV não tivesse revogado o Edicto de Nantes» (1685). Pois bem, conhecendo a ascendência angolana de Francisca Van Dunen, também se pode especular que, tivesse tido Angola uma outra história de respeito pelos direitos humanos, ela talvez fosse a pessoa do outro lado na fotografia acima.

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