8 de Maio de 1979. Entrava em vigor uma nova legislação que proibia a venda ambulante de discos e cassetes, uma medida destinada a combater a contrafacção. Naquela época, a esmagadora maioria da música à venda nas feiras tradicionais era descaradamente pirateada. O art.º 7º do Decreto-Lei nº 122/79 proibia «o comércio ambulante de uma lista de produtos anexa», e dessa lista constavam os «instrumentos musicais, discos e afins, outros artigos musicais, seus acessórios e partes separadas». Como tanta outra legislação, também esta permaneceu letra morta. Cinco anos depois, Herman José criava Serafim Saudade, uma personagem que se ia inspirar nos populares cantores pimba, que haviam sido (e continuavam a ser) das maiores vítimas dessa indústria clandestina. E tanto havia a sensação que a contrafacção musical prosseguia, tão próspera quanto sempre, que, na sua canção de apresentação (abaixo), Serafim se gabava, sarcástica e significativamente, de ser «artista, da rádio, tv, disco e da cassete pirata». Vingar nas charts das cassetes piratas era para ser entendido como uma expressão da sua popularidade.
Herman que também se dedicou ao pimba (sem aspas), antes de a sua carreira artística haver entrado em velocidade de cruzeiro nos anos 80, interpretando temas como "A Canção do beijinho" ou "Saca o saca-rolhas"...
ResponderEliminarEstive quase a juntar precisamente essas duas preciosidades do nacional canconetismo brejeiro dos anos 70, cheguei a seleccioná-las do You Tube (estão lá), mas depois controlei-me porque iria esticar o âmbito do poste, tornando-o complexo. Esse desdobramento de personalidade de Herman José iria muito para além da efeméride que se pretendia assinalar originalmente: um decreto-lei que nem valia o papel onde fora publicado...
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