14 de Maio de 1919. Se ainda existisse, o Banco Português do Atlântico estaria hoje a completar cem anos de existência. Quando completou o seu cinquentenário, a data foi assinalada com este anúncio de página inteira, e esses eram tempos em que estas instituições bancárias, sólidas porque resultantes de amadurecidos processos de absorção e fusão, pareciam instituições perenes, estariam destinadas a durar para sempre. Naquela época, havia a percepção pública que o BPA, que fora fundado em 1919, rivalizaria em robustez com instituições como a GNR (Guarda Nacional Republicana) ou o IST (Instituto Superior Técnico), ambos fundados em 1911. Mas tratava-se de uma ilusão. Os organismos do Estado possuem uma gravidade muito própria, enquanto as instituições privadas, por muito robustas que o parecessem, não estão afinal concebidas para se perpetuar. Neste caso em concreto, o BPA acabou por vir a ser, ele próprio e depois de várias vicissitudes que incluíram a sua nacionalização em 1975, engolido pelo BCP antes do final do século XX. Só que depois disso, e já em pleno século XXI, descobriu-se que isso, afinal, não era bem verdade... Quando uma instituição financeira entra em dificuldades, mesmo que ela seja privada e mesmo que isso aconteça nos Estados Unidos, a regra de ouro do capitalismo de deixar os accionistas com os lucros e os prejuízos afinal não se aplica, porque ele há instituições que são demasiado grandes para se deixar colapsar, situação em que quem tem que entrar com o capital é o contribuinte! Alguém postulou que a grande descoberta - à posteriori - sobre as leis da economia de mercado neste século XXI é que os lucros eram privados mas os grandes prejuízos das instituições financeiras, quando ocorrem, são para ser tornados públicos. O que, apesar de bombástico, não é um exagero assim tão grande quanto isso...
Sem comentários:
Enviar um comentário