(Republicação)
29 de Agosto de 1943. A Dinamarca entrara na Segunda Guerra Mundial quando da invasão alemã a 9 de abril de 1940. A resistência dinamarquesa foi breve (6 horas). Desde aí, a Dinamarca tornara-se num protectorado alemão, embora os Aliados (britânicos e americanos) tivessem ocupado todas as suas outras possessões, e o modus vivendi dos dinamarqueses sob ocupação alemã era razoável, dadas as circunstâncias, superando todos os outros países ocupados da Europa. Em Março de 1943 até se haviam realizado eleições legislativas que haviam reconduzido por uma esmagadora maioria a ampla coligação nacional. Mas, para a Alemanha, nesse Verão de 1943 e depois da ofensiva diplomática que desencadeara na Primavera anterior, a decepção era grande, ao constatar a ausência de resultados concretos entre a constelação de países que a rodeava, ou mesmo pior, já que, entretanto, o próprio Mussolini fora deposto em finais de Julho. Tudo isto para explicar o ambiente que está por detrás das exigências alemãs apresentadas ao governo dinamarquês a 28 de Agosto de 1943. Em detalhe, os alemães exigiam que as reuniões públicas fossem proibidas, as greves ilegalizadas, houvesse recolher obrigatório, que a censura fosse acompanhada por alemães e que houvesse tribunais militares especiais que poderiam sancionar com a pena de morte em casos de sabotagem.
A ideia dos alemães teria sido apenas atarrachar, só que... a coisa partiu. Como noticiava o Diário de Lisboa desse dia, o governo dinamarquês demitiu-se e as autoridades alemãs, proclamando o estado de sítio, tiveram que assumir elas próprias as responsabilidades da governação. Para que se concretizasse os alemães executaram um plano de desarmamento das fracas forças armadas dinamarquesas que ficou conhecido pelo nome de Operação Safari. Momento mais simbólico da ocasião foi a corrida contra o tempo para afundar os poucos navios da marinha de guerra antes que os alemães se apossassem deles (um episódio semelhante em atitude - que não em escala - com o que tivera lugar dez meses antes em Toulon, na França). Mesmo para quem acompanhava a guerra pelos jornais, o comportamento dos alemães começava a assumir um padrão antipático, à medida que a confiança deles nos seus aliados e dependentes se esvanecia. Na última página do Diário de Lisboa desse mesmo dia e ao lado do resto da notícia sobre o que acontecera na Dinamarca, lia-se a notícia da morte do rei Boris III da Bulgária (outro aliado de Hitler), falecido no dia anterior inesperadamente aos 49 anos, oficialmente de ataque cardíaco, mas uma morte que ainda hoje permanece misteriosa.
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