Este documentário televisivo acima data de Abril de 2010, antes das eleições gerais britânicas que terão lugar a 6 de Maio seguinte, e aborda o caso incomum de que, nessas eleições, o Speaker da Câmara dos Comuns - John Bercow, a quem me referi aqui recentemente - iria sofrer a concorrência de outros candidatos no seu círculo eleitoral. Tradicionalmente, os partidos tradicionais britânicos abstêem-se de o fazer, mas neste caso, novas formações políticas, como aquelas que pugnavam pela saída do Reino Unido da UE (o UKIP), os Verdes, e os antagonistas do UKIP, que pugnavam por sua vez por uma maior aproximação à UE, todos eles três (entre outros) se haviam decidido a apresentar um candidato no círculo eleitoral do Speaker, por causa da visibilidade mediática que receberiam, tratando-se de um círculo eleitoral sob uma atenção mediática especial.
Contudo, o documentário é de uma parcialidade escandalosa a favor de Nigel Farage, o líder do UKIP. Segundo o que fica sugerido, a vitória e reeleição de John Bercow não é certa, a disputa travar-se-á entre ele e Nigel Farage, que se percebe ser uma personagem muito acarinhada pela comunicação social britânica. O que o documentário já não conta é que, chegado o dia das eleições (quadro abaixo), John Bercow foi reeleito com 47,3% dos votos, esmagando a concorrência, recebendo mais 14 mil votos (quase o triplo) do que a vedeta do documentário. Pior do que essa humilhação de Farage, e expondo ainda mais o facciosismo dos seus autores, o independente John Stevens (um entusiasta pró-europeu), que nem sequer apareceu nas imagens deste documentário, acabou por receber mais votos do que Nigel Farage! É perante estes exemplos gritantes que se percebe a enorme diferença que pode existir entre opinião pública e opinião publicada.
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