Quando alguém, como eu, que não é um entusiasmado seguidor das vicissitudes do futebol e que acompanha as notícias a seu respeito com distanciamento, lê uma notícia como esta acima, e a volúpia como ali se enumeram os milhões que irão entrar, é que me apercebo, como subtilmente e ao longo das últimas décadas, passou a haver uma agenda paralela à dos sucessos desportivos dos clubes de futebol. É a agenda dos negócios bem feitos, leia-se: jogadores que por cá se revelam e que depois vêm a ser bem impingidos aos clubes estrangeiros. Tanto assim que, como se percebe pela notícia acima, já há um outro ranking a classificar os nossos clubes de futebol, a par dos troféus dos campeonatos, taças e supertaças de Portugal. Esse outro ranking é o das transferências mais caras. Esta do Gonçalo Ramos é «a sexta transferência mais cara do Benfica». Ao mesmo tempo que surgem rumores que o mesmo Benfica tenta retomar uma outra «transferência mais cara», para ser devolvida agora a preço de saldo ao clube a que fora impingido há quatro anos (João Félix - Atlético de Madrid). O que é que todas estas transacções terão a ver especificamente com futebol? Aparentemente nada, se valesse, os clubes nem precisavam de jogar os 90 minutos: cada equipa somava o valor dos 11 jogadores em campo, e a equipa mais cara era declarada a vencedora. Mas, pela descrição acima, pelo valor atribuído aos sucessos financeiros por cima dos sucessos desportivos, talvez não fosse descabido o Benfica (e os outros clubes) abrirem uma sala de Contratos ao lado da sua sala de Troféus. O Benfica já lá podia pôr as transferências de João Félix, Enzo, Darwin Nuñez e Rúben Dias, para além desta do Gonçalo Ramos, evidentemente.
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