O mais estúpido no título acima é o anúncio - a pretensão - de que o documento, ontem aprovado em conselho de ministros, entra hoje em vigor. Quem quiser proceder à leitura do - pomposamente denominado - plano nacional de saúde 2030, rapidamente se dá conta que o que lá está escrito é um encadeado de evidências, lugares comuns, truismos e intenções bonitas. E desmesuradamente palavroso: o que ali está escrito em 28.699 palavras (equivalente a 99 páginas A4) podia (e devia) ter sido escrito no equivalente a 10 páginas e, mesmo assim, arriscava-se ainda a ser um documento chato.
Um documento deste género bem elaborado tem sentido quando se fazem opções entre políticas alternativas distintas e se fundamentam essas opções. Exemplificando com as frases acima destacadas pela Lusa, seria um disparate contrapor ao que lá se lê, a opção que se deva «desproteger activamente as populações que vivem em situação de maior vulnerabilidade» ou então «prescindir de caminhar na eliminação de todas as mortes preveníveis e prematuras». E, claro, é completamente irrelevante a data em que o documento entra em vigor, já o que lá consta não interfere minimamente com o dia a dia dos cidadãos.
Tratou-se portanto de uma completa perda de tempo dos redactores de tal irrelevância. E de uma total perda de tempo do conselho de ministros, quando os vemos a aprovar estes documentos maçudos e irrelevantes que ninguém está interessado em ler na sua totalidade. (Adenda: houve quem, com muito humor e tal é a capacidade do documento de juntar palavras sem conterem nada de significativo, me tivesse sugerido que talvez o PNS 2030 possa ter sido redigido pelo ChatGPT, o dispositivo de Inteligência Artificial que tanto furor tem feito).
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