07 agosto 2023

REPUBLICAÇÃO EM SINTONIA COM A MODA DESTE VERÃO MUITO «NUCLEARIZADO»

(Também conjugada com a passagem do 78º aniversário da bomba de Hiroxima)
The Making of the Atomic Bomb foi publicado originalmente em 1987, é um livro com quase 800 páginas que foi distinguido com vários prémios (incluindo o Pulitzer para obras de não-ficção) e que descreve o processo ao longo da primeira metade do Século XX que levou às descobertas científicas e à posterior construção das primeiras bombas atómicas nos Estados Unidos, bombas essas que destruíram no final da Segunda Guerra Mundial as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui. The Dark Sun, também de Richard Rhodes, é uma sequela ligeiramente mais curta (600 páginas) do livro anterior, publicada em 1995, e que cobre o período seguinte, o da evolução do armamento nuclear para o termonuclear (1945-1952), e o aumento exponencial da potência de destruição desta nova arma atómica. Não são livros que ache que se possam recomendar. Exigem concentração na leitura e conhecimentos de base. Não se tenha a pretensão que a sua leitura, só por si, qualifique alguém no tema das armas nucleares. E, por outro lado, poder-se-á falar das questões da segurança e proliferação nuclear sem a necessidade de dominar os aspectos técnicos da configuração de Teller-Ulam. Embora ajude saber quem foi Edward Teller nesta época em que, por causa do filme homónimo, estamos rodeados por opiniões de quem se convenceu que o desenvolvimento da bomba atómica se deveu quase todo a Robert Oppenheimer.
No caso do último livro exibido, Command and Control, que data de 2013 (500 páginas) e onde se escreve sobre o período subsequente, é-se menos técnico, começa com o fim da fase do pioneirismo e o armamento nuclear e termonuclear sai de uma espécie de elaboração pioneira e artesanal de alguns exemplares para passar a ser produzido e armazenado em série, quando os incidentes e acidentes ocorridos durante o transporte das bombas são capazes de nos pôr, retrospectivamente, os cabelos em pé. Não nos qualificando, a leitura destes livros dá-nos pelo menos a segurança de sabermos onde estão as fronteiras da nossa ignorância sobre a feitura, o emprego e as consequências da utilização de armamento nuclear, questões complexas que nada têm daquelas simplicidades cristalinas que nas redes sociais se publicam anualmente a todos os 6 de Agosto por ocasião do aniversário da bomba de Hiroxima. Ontem lá foi nova ocasião para se publicarem mais uns megadisparates. Creio que a frase terá mais de 100 anos, mas nunca como no nosso tempo. e porque os campos do conhecimento se estenderam enormemente, houve a possibilidade de constatar o quanto a ignorância é atrevida.

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