A inteligência artificial não deve ter dado por isso, mas aqueles que lêem notícias e que não são desprovidos dela, mas na sua forma natural, já devem ter reparado na fortíssima campanha que a Arábia Saudita tem despendido para conferir respeitabilidade ao seu campeonato de futebol. Eles foram comprar o Cristiano Ronaldo, depois foram comprar o Neymar (acima à esquerda), mas o que parece é que, para além deles dois, os clubes sauditas compram tudo aquilo que lhes apetece. Mas aquilo que o dinheiro saudita parece querer comprar será mais do que apenas os jogadores e os treinadores de primeiro plano do futebol: será sobretudo a respeitabilidade de fazer parte da elite do futebol mundial. Tanto é assim, que não surpreendeu a notícia da semana passada quanto à intenção dos sauditas virem a disputar a liga dos campeões europeia (notícia do centro). Em suma, os sauditas estarão cheios de vontade de subir de estatuto e terão dinheiro para aquilo tudo. Só que são sauditas... têm dinheiro, mas não são civilizados. A notícia de que os seus guardas fronteiriços se têm entretido a praticar tiro ao alvo com os migrantes etíopes (à direita) constitui uma novidade muito oportuna para os desacreditar num tópico onde eles, de resto, não têm crédito nenhum: o do respeito pelos direitos humanos. A notícia constitui uma novidade porque as nossas atenções - europeias - sobre as migrações dos países pobres para os países ricos se têm concentrado apenas naquelas que nos afectam - nomeadamente as que cruzam o Mediterrâneo. Só que neste último caso, registam-se tragédias porque os navios se afundam e os migrantes se afogam. No caso da fronteira saudi-iemenita, os guardas sauditas têm dado uma ajudinha às tragédias, a acreditar no que se pode ler relatório da Human Rights Watch que foi acabado de publicar. Os incidentes constantes do relatório abarcam um período que se estende de Março de 2022 a Junho de 2023. A ressonância que lhe está a ser conferida a este relatório, por parte duma ONG que não é conhecida por aí além, também dá que pensar... Para quem não tivesse ainda pensado numa boa razão para que o Al-Hilal de Jorge Jesus não participasse na liga dos campeões, aí está esta.
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