19 de Junho de 1953. Completam-se 70 anos sobre a data da execução, nos Estados Unidos, do casal de espiões (a favor da União Soviética), Julius e Ethel Rosenberg. Dos variadíssimos casos de espionagem da Guerra Fria (alguns deles evocados aqui no Herdeiro de Aécio, como o de Kim Philby ou o de Klaus Fuchs), este perdura, não por quaisquer dúvidas quanto à culpabilidade dos réus, mas por causa da severidade das sanções. Quanto à sua culpabilidade, a revelação pública do projecto Venona em 1995 veio comprovar que as actividades do casal eram conhecidas da contra-espionagem americana desde quase o seu princípio. A questão que se colocou à época e que se perpetua deste então, foi a questão de os executar depois de condenados à pena capital. O presidente de então, Dwight Eisenhower, acabado de tomar posse em Janeiro de 1953, não quis tomar a decisão - a de comutar a sentença - que ele sabia ser impopular junto da opinião pública. O excesso era agravado pela discrepância da sanção máxima aplicada ao casal, quando comparada com as penas de prisão aplicadas aos restantes membros da rede de espionagem de que faziam parte e da qual nem sequer eram os líderes. A execução teve lugar há setenta anos. Fazendo eco do ambiente mediático que se vivia nos Estados Unidos a respeito do assunto, ao mesmo tempo histérico e mórbido, o Diário de Lisboa do dia seguinte informava os seus leitores que Julius Rosenberg sucumbira «à terceira descarga eléctrica» (o método de execução fora a cadeira eléctrica) e que a sua mulher (mais coriácea, presume-se) precisara de «cinco descargas». Mais nenhum espião foi executado nos Estados Unidos depois disso. Pelo menos legalmente. Noutros países é banal. Na Arábia Saudita foi o mês passado. No Irão foi no princípio deste ano. Mas, nestes últimos casos, apesar dos 70 anos decorridos, quase ninguém se importou. Aquilo não são países civilizados. Não se pode é dizer isso muito alto.
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