6 de Junho de 2013. O jornal britânico The Guardian começa a publicação de uma série de artigos resultantes das revelações de Edward Snowden. Snowden era um analista de sistemas que trabalhara para a NSA, a Agência de Segurança Nacional norte-americana, onde descobrira - e agora denunciava - uma vasta rede de intercepção de todas as comunicações. As revelações desta primeira edição eram que a Verizon (uma das operadoras telefónicas dos Estados Unidos) entregava quotidianamente à NSA os seus dados telefónicos relativos às comunicações domésticas e internacionais. Segundo os autores da notícia e mesmo não estando confirmado, deduzia-se que o mesmo aconteceria com as outras operadoras e que os dados entregues eram posteriormente tratados pela agência governamental. Por outro lado, fora possível saber que uma ordem judicial secreta obrigava a operadora a fornecer esses dados e que essa ordem tinha vindo a ser renovada sucessivamente a cada três meses, conforme declarações da presidente do Comité de Informações do Senado americano, a senadora Dianne Feinstein. Para além disso, avançava-se com a descoberta de uma operação clandestina que recebera o nome de código de PRISM (acima). O programa de vigilância PRISM permitia ao FBI e à NSA monitorar os utilizadores da Internet. Para isso, utilizar-se-iam gateways ocultos nos softwares que eram produzidos pelas principais empresas americanas de informática, e infiltrar-se-iam nos seus servidores. Entre as nove afectadas contava-se a Microsoft, a Yahoo!, a Google, o Facebook ou a Apple. As provas que Snowden trouxera a corroborar isto eram indesmentíveis: uma apresentação em PowerPoint sobre o funcionamento e as capacidades do programa PRISM, que era normalmente destinado aos funcionários recém entrados na NSA!...
As revelações que há dez anos começavam, vinham expor uma realidade que não se distinguiria em muito da distopia de um Big Brother que vigiava tudo e todos, como fora denunciada por George Orwell quase 65 anos antes. O material colectado por Snowden tornava os desmentidos norte-americanos patéticos. Mas, depois de um fogacho mediático, o escândalo acabou por ser relativamente abafado, recorrendo a outros métodos, nomeadamente fazendo pontaria a (difamando) Snowden.
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