17 junho 2023

A PRIMEIRA REVOLTA POPULAR CONTRA UM REGIME COMUNISTA

17 de Junho de 1953. Tem lugar em várias cidades da Alemanha Oriental (a denominada República Democrática Alemã, criada em Outubro de 1949) um alargado conjunto de protestos populares contra as medidas recentemente impostas pelo governo comunista. Como acontece com todas as ditaduras, este género de protestos consegue ser abafado noticiosamente antes de ser suprimido com violência pelas forças da ordem. Neste caso dava-se a circunstância excepcional das principais manifestações se estarem a desenrolar em Berlim, uma cidade dividida - embora ainda não por um Muro - entre Ocidente e Leste. A revolta acabou assim por acontecer paredes meias com Berlim Ocidental, beneficiando assim da cobertura noticiosa da comunicação social do Ocidente, que estava naturalmente fora do controlo das autoridades alemãs de Leste e reportavam o que queriam. Um dos aspectos visualmente chocantes dos confrontos era o protagonismo assumidos pelos carros de combate do exército soviético na repressão, numa confirmação de uma evidente impotência (e impopularidade) do regime comunista da Alemanha Oriental em lidar com a insatisfação dos seus cidadãos. Os confrontos provocaram (oficialmente) 55 mortos. Estima-se que mais de 15.000 pessoas terão sido presas. A repressão acabou por triunfar, mas continuou a subsistir um escape para aquelas populações insatisfeitas do Leste: a sua fuga para o Ocidente, como, por sua vez, assinalava esta outra reportagem abaixo desse mesmo anos de 1953. Nos oito anos que se seguirão, até à construção do Muro de Berlim em 1961, a população da Alemanha Oriental diminuirá de 18 milhões para 17 milhões, ou seja uma perda líquida de 1 milhão de habitantes, muitos dos quais trabalhadores qualificados, que podiam ganhar mais e viver melhor na Alemanha Ocidental.

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