10 de Junho de 1963. Têm lugar, pela primeira vez, as cerimónias de imposição de condecorações aos combatentes no Terreiro do Paço, diante de um dispositivo de tropas e com a transmissão directa pela RTP da hora e meia da cerimónia. Esta primeira edição da comemoração do Dia de Portugal com este figurino de parada militar e transmissão televisiva em directo teve o patrocínio privilegiado do exército (como se lê no título acima), contando com uma «alocução» do seu chefe de Estado-Maior, general Câmara Pina e, durante a cerimónia, apenas foram condecorados militares do exército que se haviam distinguido predominantemente em operações em Angola. (Na Índia o conflito terminara, na Guiné ainda estava numa fase embrionária, em Moçambique ainda nem começara).
A cerimónia, onde o chefe do Estado (Tomás), o chefe do governo (Salazar) e outras altas entidades condecoravam os militares, alguns deles a título póstumo (com o agraciado a ser representado por um familiar próximo), continha uma forte carga emocional e revelou-se um enorme sucesso político para o regime. Passou a repetir-se naquele mesmo figurino todos os feriados do 10 de Junho, embora, a partir daí, com uma presença mais equitativa dos outros ramos das Forças Armadas, Marinha e Força Aérea. Naquele tempo parecia(-me) muito importante mas, no total, acabaram por se realizar apenas onze cerimónias do género, desde esta que hoje evoco, a 10 de Junho de 1963, até à de 10 de Junho de 1973, dez anos depois. Como o próprio problema político que lhe estava subjacente, as guerras em África, para as quais não parecia haver solução à vista, também a cerimónia do 10 de Junho nos últimos anos já perdera aquele seu efeito galvanizador inicial, e realizava-se por inércia, porque tinha de se realizar e mal seria se não existisse.
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