14 de Junho de 1923. «Na residência do comandante Sacadura Cabral reuniram hoje os representantes dos jornais diários de Lisboa, afim de tomarem conhecimento do relatório apresentado ao sr. ministro da Marinha sobre a viagem de circumnavegação aérea (relatório que o Diário de Lisboa publicava destacado, em primeira página). O comandante Sacadura Cabral pretende saber, por intermédio da imprensa, o que pensa o país acerca da viagem, para o governo tomar uma resolução definitiva e abreviar os preparativos de forma a poder partir para Inglaterra no fim deste mês, a fim de escolher o material. Da reunião nasceu o alvitre de consultar todas as câmaras municipais, que de alguma forma representam a opinião geral do país. Se o Brasil não quiser colaborar com a Aviação portuguesa, vai ganhando terreno a ideia de Portugal fazer a viagem sozinho, com os recursos de que dispõe. Surgiu ainda a hipótese de convidar a aviação brasileira a tomar parte na viagem, sem o menos dispêndio para o Brasil, no caso de falhar a colaboração oficial.»
Como se comprova, há cem anos, pensava-se entusiasmadamente e em grande! A viagem concebida pelo aviador português cobriria uma distância de 19.500 milhas e ele prevera um orçamento («uma despesa máxima»...) de 46.500 libras (britânicas). Percebia-se que a ideia de Sacadura Cabral seria expandir ambiciosamente o voo por ele realizado no ano anterior sobre o Atlântico Sul. Apesar do dinamismo e como sabemos, o projecto nunca saiu do papel.
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